Concretismo e Neoconcretismo 



Ferreira Gullar (1999:212) no livro “etapas da arte contemporânea”, fala das dificuldades que se encontram para conceituar os movimentos artísticos, sobretudo os movimentos modernos como cubismo, futurismo, surrealismo etc. Segundo ele estes movimentos na maioria dos casos, aconteciam quando um grupo de jovens artistas elegia determinadas idéias básicas que funcionavam como hipótese para suas experiências poéticas, e que, com o tempo essas idéias poderiam ser reforçadas ou rejeitadas. Surge daí a dificuldade de encontrar uma resposta pronta e imediata, para perguntas como essa: o que é arte concreta?
Mesmo diante desta dificuldade Gullar (1999:212) busca na história uma resposta para esta pergunta, para ele a expressão arte concreta parece ter sido cunhada por Theo Van Doesburg em 1930, mas não com o propósito de iniciar um movimento estético. O objetivo era dar o que considerava ser o nome exato a uma arte que se tinha desprendido totalmente da imitação da natureza. Ainda para Gullar (1999:212) o nome arte concreta surge como uma tentativa de redefinição da pintura não-figurativa.
 

 

 
O fim da segunda guerra mundial foi um acontecimento marcante para a arte concreta e a expansão internacional da arte abstrata diz Gullar (1999:215). O movimento concreto irradia-se de Ulm Alemanha para a América Latina, primeiro para Argentina e depois para o Brasil. O grupo argentino era formado por Tomás Maldonado, Alfredo Hlito, Iommi e Claudio Girola. A revista Nueva Vision divulgava a arte concreta na Argentina. No Brasil o movimento concreto se organizou em torno de dois grupos o Ruptura de São Paulo e o Frente que foram os pioneiros do neoconcretismo.
Para Gullar (1999:215) Os artistas concretistas de São Paulo assumiram um caráter radical, o que desdobrou em reação e o surgimento de um movimento de revisão da teoria concretista, essa reação pode ser vista ou se exprime nas idéias e nas obras do grupo neoconcreto. O curioso na arte concreta brasileira na narrativa histórica de Gullar (1999:215) é que por volta de 1950, tinha um único defensor, Mário Pedrosa que começou a influenciar os artistas mais jovens. Ivan Serpa e Almir Mavignier foram os primeiros a aderirem a essa tendência.




 

Segundo Gullar (1999:233) o grupo concreto de São Paulo que por volta de 1951, formara-se em torno de Waldemar Cordeiro e Geraldo de Barros tinham-se ainda: os pintores Luiz Saciloto, Hermelindo Fiaminght, Mauricio nogueira Lima e Judith Lauand; o desenhista Lothar Charoux e o escultor Kazmer Féjer. O teórico dos artistas concretos de São Paulo foi o pintor Waldemar Cordeiro, para quem, em1956 a arte concreta que praticavam definia-se como “o barroco da bidimensionalidade”.
 


Breve conclusão:
Além de Pedrosa a primeira Bienal de artes de São Paulo em 1951 veio ampliar o interesse pela arte abstrata no Brasil. Nesta Bienal, Max Bill sagra-se o ganhador de grande prêmio de escultura com sua obra “unidade tripartida”. A partir daí, no Rio de Janeiro e em São Paulo, os artistas jovens entregaram-se de maneira mais decidida às experiências no campo da arte concreta.
Os jovens artistas do Grupo Ruptura de São Paulo e Frente do rio de Janeiro foram os que enfrentaram a hostilidade do meio artístico, ao experimentarem a arte concreta e neoconcreta. O Grupo Ruptura com características mais radicais foram os introdutores e defensores da arte concreta, liderado por Waldemar Cordeiro. Os artistas deste grupo acreditavam numa dinâmica visual, com efeito de construção seriada, a idéia rítmica linear do movimento, um fundo plano onde a forma se desenvolve na abstração, enfim, uma obra de arte como produto.
Foi o Grupo Frente os pioneiros da arte neoconcreta, embora constituído em sua maioria de artistas de tendência concreta, não obedecia a nenhum código rígido, essa característica adogmática que os diferenciava do grupo ruptura de São Paulo. Os neoconcretistas acreditavam na arte como uma atividade autônoma, vital e de elevada missão social. Tendo em vista a necessidade de educar os homens para conhecer suas emoções plenas, a linguagem geométrica apresentava-se como um campo aberto para alcançar estas experiências e indagações.
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